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20/08/2008

CNBB

A partir desta quarta-feira, 20, o site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentará um novo design. Desenvolvido por Maurício Faustino, sob a coordenação de uma equipe de assessores da CNBB, o novo site entrará no ar a partir das 10h, quando será apresentado aos bispos do Conselho de Pastoral (Consep) e aos assessores da CNBB, reunidos em Brasília.

16/08/2008

Assunção de Nossa Senhora

A Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. O Dogma da Assunção de Maria foi proclamado pelo Papa Pio XII no dia 1º de novembro de 1950, pela Constituição Dogmática “Munificentísimis Deus”. Esta definição foi proclamada após uma consulta feita a todos os bispos do mundo inteiro. Porém existe uma relação entre o Dogma da Assunção com o Dogma da Imaculada Conceição. Assim como Maria não teve nenhum pecado, a Igreja reconhece que ela não deveria sofrer a corrupção corporal.
A realidade da Maternidade Divina de Maria, que significa ser Mãe de Deus, é santificada pela sua resposta ao Plano Salvador de Deus. Ela, dizendo sim a Deus, esteve intimamente associada à obra da redenção e salvação da humanidade. Desta maneira, era natural que ela estivesse, também, ao lado de Cristo Ressuscitado e Glorificado. O Concílio Vaticano II afirma:
Finalmente, a Virgem Imaculada, que fora preservada de toda mancha da culpa original, terminado o curso de sua vida terrena, foi levada à gloria celeste em corpo e alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do universo, para que se conformasse mais plenamente com seu filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte” (LG 59).
A festa da Assunção de Maria já era celebrada há muito tempo e desde os primórdios do cristianismo. A Igreja do Oriente já celebrava a “dormição”, ou seja, que Maria “adormeceu” seu corpo foi levado de corpo e alma para o céu. Desta maneira seu corpo não sofreu a corrupção, conseqüência do pecado original, que ela não teve. O Dogma da Assunção faz parte dos outros dogmas marianos, a saber: a Virgindade, a Maternidade Divina e a Imaculada Conceição.
2. As Leituras Bíblicas:
a. Apocalipse
A Leitura do Livro do Apocalipse (11,19ª; 12,1.3-6ª.10) apresenta uma série de versículos extraído dos Capítulos 11 e 12, relata a realidade de “uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés”.
Apocalipse significa revelação. O livro do Apocalipse foi escrito entre os anos 90 d.C., período em que os primeiros cristãos sofreram uma perseguição intensa pelo Império Romano. Desta maneira São João utilizou muitos símbolos para descrever a situação e assim dar esperança e fortalecer a fé dos cristãos perseguidos e oprimidos pelo Império. Frente à luta do bem x mal, o convite era para que os cristãos e as comunidades se convertessem ao Evangelho de Jesus dando assim um verdadeiro testemunho da opção pelo Cristo.
Neste sentido o Apocalipse descreve a luta da maldade, representada pelo dragão contra a bondade divina. Assim a disputa nos remete ao paraíso, lembrando a serpente que favorece a expulsão da beleza, divina que habitava no interior do homem e da mulher, para ali colocar o orgulho e a presunção de assumir o lugar de Deus (Gn 3,1-24). Contra o dragão destruidor, a vitória divina acontece na fragilidade humana: uma mulher grávida e um recém-nascido (Ap 12,4-5).
Uma pergunta nasce ao fazer a leitura: Quem é esta mulher? O Livro do Apocalipse não identifica o nome, mas a comunidade que lê este Livro é convidada a interpretar o sinal. Assim poderemos ver prefigurada a realidade de Eva (= mãe dos viventes) de Gênesis 3,15-16, identificado com o Povo de Israel. Mas também poderemos identificar Maria, Mãe de Deus, que dá a luz a Cristo, salvador da humanidade. Neste caso as comunidades do Livro do Apocalipse (Ap 2,1-3,22), são convidadas a identificar essa mulher com a Mãe de Jesus e assim descobrir a raiz do seu ser e da sua missão neste mundo.
Outro sinal marcante do Apocalipse é o Dragão uma força hostil, de origem demoníaca (= aquele que separa, confunde...), aparentemente superior às forças dos cristãos (sete cabeças). As comunidades são convidadas a interpretar o sinal: o Dragão é força do mal que se encarna em pessoas e arranjos sociais, dificultando o testemunho cristão e procurando devorar os frutos e a vida das comunidades proféticas que resistem ao imperialismo romano. “Contudo, apesar de ter aspecto aterrador, seu poder não é absoluto, pois tem dez chifres (número que denota imperfeição) e com a cauda arrasta um terço das estrelas (cifra que denota poder parcial). As comunidades proféticas cristãs, pela força do Cristo ressuscitado, vencerão esse poder do mal que pretende dominar o mundo.
b. Evangelho
A cena do Evangelho, chamada da Visitação de Maria a sua prima Isabel narra o encontro de duas mulheres grávidas. O contexto é das aldeias: Maria é da aldeia de Nazaré e vai a uma aldeia da Judéia para servir. O Evangelista Lucas não pretende, em primeiro lugar, mostrar como isso aconteceu, mas reler esses acontecimentos à luz da morte-ressurreição de Jesus, a fim de iluminar a caminhada das primeiras comunidades cristãs. Não se trata, pois, de curiosidade histórica, mas de leitura teológica. Assim descreveremos alguns aspectos da Visitação destacando o poder do Altíssimo no processo da História da Salvação.
Isabel grávida de João Batista que será último dos profetas. Ele será grande diante do Senhor, desde o ventre de sua mãe (Lc 1,15); ele veio para dar testemunho da luz, porém ele não era a luz (Jo 1,7-8). A sua missão era preparar o caminho do Senhor, proclamando um tempo de conversão, pois o Reino do Céu está próximo (Mt 3,1ss).
Maria estava grávida de Jesus, o Filho do Altíssimo, que será grande, da descendência de Davi e se chamará Jesus, que significa “aquele que salva”.
No encontro entre as duas mulheres grávidas se dá a continuidade do Antigo e do Novo Testamento. Isabel simboliza toda a Tradição do Antigo Testamento que se alegra com a chegada da Boa Notícia em sua casa: “como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (Lc 1,43). Maria, por sua vez, leva consigo o Filho de Deus. Ela é a Arca da Nova Aliança, Aliança que Deus fez com a humanidade. Por isso que existe um clima de alegria e de acolhida simbolizadas e manifestadas nas crianças que saltam/pulam de alegria (Lc 1,44; 1Cro 13,8; 2Sm 6,1-23).
O texto de Lucas mostra que Isabel ficou cheia do Espírito Santo (Lc 1,41). Neste sentido a ação do Espírito de Deus acompanha todos os passos decisivos e importantes da História da Salvação [cfr. a nuvem (Ex 13,21), a sombra (Lc 1,35)]. Ela (Isabel) exclamou: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,45).
Maria, ao escutar esta bem-aventurança da sua prima Isabel, proclama o Magnificat, um cântico inspirado em outros cânticos do Antigo Testamento (1Sm 2,1-10) e um cântico de louvor e gratidão a Deus por tudo o que Ele fez na vida de Maria e da humanidade. Ela participa do triunfo do seu Filho (morte, ressurreição e glorificação), como participou da sua paixão. A sua vida foi um fazer a vontade do Pai, segundo a sua Palavra. Porém, a partir do seu Sim, como Serva da Palavra, foi um sim dado na Anunciação do Anjo (Lc 1,26-38) até a cruz e depois no Cenáculo a espera do Espírito Santo com os Apóstolos (At 1,14). Maria glorificada e assunta ao Céu é a imagem do que nós, como cristãos estamos chamados a ser.
Assim a Solenidade da Assunção mostra que Maria é a criatura que atingiu a plenitude da salvação, até a transfiguração do seu corpo. É a mulher vestida de sol e coroada de doze estrelas. É a mãe que nos espera e convida a caminhar para o reino de Deus. A Mãe do Senhor é a imagem da Igreja que gera um mundo novo e participa da vitória de Cristo sobre o mal.
(fr. João)

22/05/2008

Seguindo Corpus Christi

Dias ensolarados e quentes são muito comuns para o povo que vive na zona tropical da Terra, ainda mais quando se está pouco abaixo da Linha do Equador, o Sol derrama seus raios com uma força estoteante sobre a gente que a ele se expõe. E foi neste cenário que alguns cristãos católicos vivenciaram a procissão deste dia de Corpus Christi.
A procissão saiu da igreja, o sol com toda sua potência e magnitude de estrela de grande porte a derramar luz e calor abria o caminho para a passagem do grande Rei da Glória. O incensório ia logo depois a espalhar pelas ruas o delicioso perfume do céu e assim através de sua leve e clara fumaça levava a Deus todas as preces que a boca humana não é capaz de revelar em sua pequenez. E o Corpus Christi dessa forma passava e abençoava todos os que voltavam seu olhar para o precioso Sacramento Eucarístico.
Quanto mais a procissão enveredava pelos caminhos do Rei, mais o sol ardia na pele daqueles que humildemente seguiam Jesus. Quando o sol dos trópicos ardia na pele do povo era possível sentir através de seus raios um certo desconforto, mais também uma energia que demonstra sua força em nossas vidas, pois aquela mesma luz que é preciosa para clarear nossos dias também é inoportuna quando entra em demasia em nossos olhos e nos tira parte da visão, e o mesmo calor que nos aquece e faz tudo crescer e acontecer na Terra, queima a pele do povo e o faz derramar inúmeras gotas de suor, e o faz sentir cansaço, sede, mas até as gotículas de suor que eram produzidas pela pele durante a procissão pareciam bendizer o glorificar a Deus.
O mais incrível meus irmãos, é que nem mesmo um ambiente que poderíamos classificar como inóspito para a ocasião, para uma caminhada, conseguiu tirar daquele momento o encanto que a fé do povo de Deus pode causar. O sol era escaldante, mas os hinos refrescavam o espírito, o chão parecia fumegar, mas a cada Ave-Maria sentia-se o coração palpitar de amor por Cristo. É como nos diz São Paulo, a nós não há mais escolha, não há retorno, já fomos longe demais, somos de Cristo e o sol não pode nos impedir de adorar ao Rei.
Ao viver esta experiência podemos refletir que essa procissão é o retrato da vida que temos com Cristo. Muitas vezes enquanto vivemos e seguimos a Jesus o "sol" é forte demais e queima nossa pele, os raios solares parecem ferir nossa visão, parece que a vida é um ambiente inóspito para nós, parece que o cansaço vai nos vencer. Mas irmãos, se seguimos a Cristo e pregamos Sua palavra temos sobre nós uma couraça que nos protege do calor, e nossa sede sempre é saciada pela fonte de água viva, ou seja, não há o que temer. Mesmo quando o sol parecer queimar a pele de forma irreparável é possível sentir a presença de Deus em nós. Mesmo quando algum infortúnio parace nos tirar a visão e a fé, é possível sentir a presença do Pai. Já fomos longe demais, somos de Cristo, e as barreiras que enfrentamos nessa vida não podem nos impedir de adorar ao Rei.
Com Cristo o sol sempre será a estrela que nos aquece e faz florescer os frutos do amor e os dons do Espírito Santo em nossas vidas. Com Cristo a vida sempre será uma linda experiência de gratidão e confiança Naquele que é fiel e nos chama e sempre cumprirá suas palavras.
Irmãos, se conhecêssemos o dom de Deus, se conhecêssemos o quanto Ele nos ama e os sonhos que Ele tem sonhado para nós, jamais sairíamos pela vida a mendigar amor, e deixaríamos que Deus falasse ao nosso ouvido o que Ele espera de nós. Sigamos a Cristo mesmo debaixo do sol estonteante da zona tropical e saibamos silenciar para entender o que Deus quer de nossas vidas!
Paz irmãos! Que a Virgem Santíssima seja nossa inspiração e intercessora nos céus!


Senhor ,torna meu coração manso e humilde como o Teu.

Quero ser dócil ao teu Espírito Santo durante todas as horas do dia,

Que minhas ações aproximem-se cada vez mais dos teus sonhos para mim,

Pois eu mesma não os conheço.

Mas confio meu Pai,

Que são os melhores.

Tão doces e agradáveis que por mais esforço que eu faça minha limitação humana não me permite enxergar

Ou mesmo imaginar de tão grandiosa perfeição.

Ajudai-me a alcançar a temperança,

A prudência,

A justiça e o Temor a Ti.

Quero de continuar a subir a escada da santidade e mesmo que eu venha a cair dai-me a graça de sempre levantar-me.



Fabiana Ferreira da SilvaRosas.

19/05/2008

Jesus Cristo, a imagem do Pai

“Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito, anterior a qualquer criatura; porque nele foram criadas todas as coisas, tantos as celestes como as terrestres, as visíveis como as invisíveis: tronos, soberanias, principados e autoridades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e tudo nele subsiste.” (Cl 1,15-17).

São Paulo escreve esta carta aos cristãos da cidade de Colossas. Esta pequena cidade se localizava na Ásia Menor, a 200 km de Éfeso. Estes cristãos eram provenientes do paganismo e se converteram ao cristianismo. Esta Carta foi escrita no período em que o Apóstolo se encontrava na prisão, provavelmente em Éfeso, entre os anos 55 e 57.

Neste sentido a carta do Apóstolo fala que “Cristo é a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15). Seria importante para nós aprofundarmos o verdadeiro sentido da “imagem” que a Sagrada Escritura nos transmite.

A cultura da imagem está presente em nossas vidas. Esta cultura ficou muito presente no final do século passado e no início deste novo milênio. Hoje, mais do que nunca, a vida está marcada por diversas situações, na qual a imagem está presente. Porém, a Bíblia Sagrada fala sobre as imagens de diversas maneiras. Vejamos algumas:
  • “Não faça para você ídolos , nenhuma representação daquilo que existe no céu e na terra. Não se prostrem diante desses deuses, nem sirva a eles, porque eu, Javé seu Deus, sou ciumento...” (Ex 20,4-5)
Comentário: estes dois versículos estão situados no contexto do Decálogo (Os Dez Mandamentos), nas qual o Povo de Deus, liberto da escravidão do Egito, fez a Aliança com Deus. Neste sentido Deus proíbe fazer outras imagens, para que o Povo não seja tentado a servir outros falsos deuses e serem manipulados por eles.
  • “Nas duas extremidades da placa, faça dois querubins de ouro batido...” (Ex 25,18).
Comentário: Este versículo é importante para o Povo de Deus, que retrata a idéia de conservação das tradições judaicas. O convite diz respeito a adoração do único Deus libertador. Por isso Javé, o Deus que salva e liberta, mandou construir querubins (= anjos) e colocar nas extremidades.
  • “Fizeram para si um bezerro de metal fundido, e o adoraram, oferecendo a ele sacrifícios e dizendo: Israel, este é o seu deus que tirou você do Egito” (Ex 32,8).
Comentário: A adoração ao “bezerro de ouro” lembra as infidelidades do povo de Deus no deserto e a distância que originou entre Deus e o seu povo. Também podemos perceber o delito cometido pelo povo, logo ao nascer como povo de Deus. Porém Javé insiste com Moisés, seu mediador: “Desça, porque seu povo, que você tirou do Egito, se perverteu. Desviaram-se logo do caminho que eu lhes havia ordenado” (Ex 32,7-8).
  • “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26)
Comentário: A narração do Livro do Gênesis tem duas grandes partes: A origem do mundo e da humanidade (Gn 1 – 11) e a origem do Povo de Deus (Gn 12 – 50). “A narrativa da criação não é um tratado científico, mas um poema que contempla o universo como criatura de Deus. Foi escrito no período do Exílio da Babilônia entre os anos 586-538 a.C.” (cf. a nota da Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Ed. Paulus). O versículo em questão (Gn 1,26), fala sobre a criação do homem e da mulher, como imagem e semelhança de Deus. A estes “Javé Deus soprou-lhes nas narinas um sopro de vida e o homem [e a mulher] tornou-se um ser vivente” (Gn 2,7).

Assim perceberemos que a Sagrada Escritura orienta de distintas maneiras a realidade sobre as imagens. Talvez fosse importante salientar que não poderemos tomar ao “pé da letra” o que a Escritura Sagrada diz sobre as imagens. Não podemos restringir as orientações sobre as imagens apenas num versículo como nos apresenta o livro do Êxodo 20,4, sem ter presente o contexto em que foi escrito.

A imagem lembra outra realidade que não podemos fechar os olhos. A cultura da imagem, presente em nossas vidas, faz com que, à luz da Palavra de Deus, façamos um verdadeiro e profundo discernimento com relação a adoração das imagens. Para nós, que somos cristãos e católicos, e formamos o , Povo de Deus, que é sacerdotal, real e profético, é importante ter a idéia clara sobre a realidade das imagens. As variadas imagens de Nossa Senhora nos lembram que Maria é Mãe de Jesus. Sabemos que não adoramos as imagens de Maria. Mas por outro lado, sabemos que Ela foi a discípula fiel até as últimas conseqüências. São João escreve que a mãe de Jesus disse: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).

Contudo, frente a mais variadas imagens que a Escritura nos mostra, aprofundaremos imagem de Cristo Jesus, que é a “imagem do Deus invisível”. No Prólogo de São João encontramos: “Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o Filho unigênito, que está junto ao Pai” (Jo 1,18). Sendo assim, se quisermos ver a face de Deus, precisaremos conhecer quem é Jesus. Ele nos revela quem é o Pai. Neste caso, não poderíamos ficar com a idéia de que Deus proíbe “fazer e adorar imagens”. São Paulo afirma que “Cristo é a imagem do Deus invisível...” (Cl 1,15). Então, Javé o nosso Deus libertador, se revela em seu filho Jesus Cristo, que por sua vez nos mostra a verdadeira imagem de Deus.

Algumas perguntas para refletir:

Como a Bíblia fala sobre as imagens?
Como São Paulo relata a “imagem do Deus invisível”?
Os católicos adoram imagens?

Frei João Carlos Ribeiro, osm

As imagens na Bíblia

Comumente os irmãos evangélicos acusam os católicos de idolatria, isso em razão dos católicos usarem em seu culto as imagens dos santos, anjos e da Virgem Maria. Para fazer tal acusação se fundamentam principalmente no segundo mandamento bíblico que diz “Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima nos céus, ou embaixo, sobre a terra” (Ex 20,2)
Para dar uma resposta a tal acusação é preciso primeiro dizer que, uma das regras para se interpretar um texto bíblico é considerá-lo a luz dos demais textos bíblicos que tratam do mesmo assunto. Não se pode pegar um único texto das Sagradas Escrituras e formar um juízo de valor ou até uma doutrina, sem levar em conta o conjunto dos demais livros sagrados.

Outra regra para bem interpretar a Bíblia e procurar saber o que é que o autor bíblico queria dizer ao povo daquela época, pois o que ele queria dizer ao povo daquele tempo é o que ele quer dizer ao povo de nosso tempo.

Então vamos aplicar essas regras ao texto do Êxodo 20,2. O que queria Deus proibir com esse mandamento? Queria proibir todo e qualquer tipo de imagens, ou apenas imagens de deuses para servirem para adoração? Se queria proibir todo e qualquer tipo de imagens por que ordenou a Moisés que fizesse dois querubins de ouro e colocasse em cima da Arca da Aliança? (Êxodo 25, 17-18). Outra coisa, porque o rei Salomão ao construir o templo de Jerusalém, colocou no fundo do santuário duas grandes imagens de anjos, além de decorar o templo com leões, bois e querubins? (veja: 1Rs 6,23-25; 7,29). E o que dizer de Moisés que mandou fazer uma serpente de bronze e colocou-a sobre uma haste para curar os israelitas? (Nm 21,8). Estaríamos diante de uma contradição bíblica? Não, a Bíblia na se contradiz. Como explicar isso então? Não é difícil, Deus proibiu somente a confecção de imagens de deuses para o culto de adoração e não outros tipos e imagens com outras finalidades religiosas. Portanto, não há confusão alguma. A confusão se dá quando se faz uma interpretação parcial de um trecho bíblico, tirando-o fora do seu contexto.

Mais, se Deus houvesse mesmo proibido qualquer tipo de imagens, porque no batismo de Jesus o próprio Espírito Santo se faria representar pela imagem de uma pomba? (Mt 3,16). Não podemos esquecer ainda que o Deus invisível se fez imagem na pessoa de Jesus de Nazaré. Jesus “é a imagem de Deus invisível” (Cl 1,l5), diz o apóstolo Paulo. Se ele se fez imagem porque não podemos fazer a sua imagem também?

Finalmente gostaria de lembrar ainda que os primeiros cristãos, que na sua grande maioria morreram martirizados pela fé, decoravam seus túmulos com figuras religiosas. Será que esses primitivos irmãos que conheceram os apóstolos caíram no pecado da idolatria? Com certeza não.
O que a bíblia condena é a confecção de imagens para serem adoradas como deuses, o que não é o caso das imagens existentes na Igreja Católica.

Diácono Geraldo Bueno da Silva
(enviado por fr. João)

18/05/2008

Maria, discípula e missionária

O Concílio Vaticano II orientou a Igreja a aprofundar o Mistério da Virgem Maria na vida de Cristo e na Igreja. Também estimulou os fiéis de toda a Igreja a entender a missão e o lugar de Maria na História da Salvação.

O Documento de Aparecida, na sua redação final, vem orientar os cristãos da América Latina sobre a realidade de sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo. “Como discípulos e missionários, somos chamados a intensificar nossa resposta de fé e anunciar que Cristo redimiu todos os pecados e males da humanidade. (...) A resposta a seu chamado exige entrar na dinâmica do Bom Samaritano (Lc 10,29-37)... A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão a toda a sua pessoa ao saber que Cristo o chama pelo nome. É um sim que compromete radicalmente a liberdade do discípulo a se entregar a Jesus, caminho, verdade e vida (Jo 14,6). É resposta de amor a quem o amou primeiro até o extremo. A resposta do discípulo amadurece neste amor de Jesus: ‘eu te seguirei por onde quer que vás’ (Lc 9,57)” [cf DA num. 134-136].

Maria, a mãe de Jesus, é apresentada como “discípula e missionária” (266-272). Através da sua obediência à vontade de Deus (Lc 1,45), sua constante meditação da palavra e das ações de Jesus (Lc 2,19.51), ela é considerada a discípula mais perfeita do Senhor. Ela entendeu profundamente o projeto salvífico do Pai e se fez serva do Senhor respondendo “sim... faça-se em mim conforme a sua Palavra” (Lc 1,38).

O Documento afirma que: “sua figura de mulher livre e forte, emerge do Evangelho conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo. Ela viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos, sem estar livre da incompreensão e da busca constante do projeto do Pai. Alcançou, dessa forma, o fato de estar ao pé da cruz em comunhão profunda, para entrar plenamente no mistério da Aliança” (num. 266).

São Paulo fala que quando chegou a “plenitude dos tempos” (Gl 4,4) Deus enviou seu Filho nascido de uma mulher. Neste sentido perceberemos o cumprimento da esperança dos pobres e o grande desejo da salvação. Vemos assim que a Virgem de Nazaré teve uma missão única na história da salvação, concebendo, educando e acompanhando o seu Filho único até o sacrifício da cruz. E do alto da cruz Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria: “Mulher, eis aí o teu filho, filho eis aí tua mãe... E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,26-27).

A Virgem Maria tem uma missão vital dentro da Igreja. O Documento diz que: “perseverando junto aos apóstolos à espera do Espírito (At 1,13-14), ela cooperou com o nascimento da Igreja Missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente. Como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a se experimentarem como família, a família de Deus. Em Maria, encontramo-nos com cristo, com o Pai e com o Espírito Santo, e da mesma forma com os irmãos”. (num. 267).

Assim sendo, “Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu filho e formadora de missionários”. Hoje, mais do que nunca, a Igreja é convidada para direcionar os seus olhares para a vida de Maria. Ela “reúne os filhos dispersos” (Jo 11,52). Como Mãe da Igreja, ela é apresentada como “artífice de comunhão... Ela atrai multidões à comunhão com Jesus e com sua Igreja” (DA 268). Então Maria continua formando os discípulos e missionários para que eles possam responder com fé, dedicação, perseverança e compromisso permanente o grande chamado que seu Filho Jesus Cristo faz a todas as pessoas. Ela nos apresenta a maneira de seguir a Cristo; ela é a grande inspiradora da escola de Jesus; ela nos ensina que o discípulo deve ter um contato permanente com a Palavra de Deus.

Contudo perceberemos a importância de Maria na vida da Igreja e na vida de cada discípulo e discípula do Senhor. Ela é a “imagem esplêndida da conformação ao projeto trinitário que se cumpre em Cristo. Desde a sua Concepção Imaculada até a sua Assunção, recorda-nos que a beleza do ser humano está toda no vínculo do amor com a Trindade, e que a plenitude de nossa liberdade está na resposta positiva que lhe damos” (DA 141).

A vocação ao discipulado missionário é con-vocação à comunhão em sua Igreja. Não há discipulado sem comunhão... A fé nos liberta do isolamento do eu, porque nos conduz à comunhão”. (DA 156). Na realidade do Povo de Deus, “a comunhão e a missão estão profundamente unidas entre si. A comunhão é missionária e a missão é para a comunhão” (DA 163).

Que a vocação ao discipulado missionário, sustentado na nossa consagração batismal, fortaleça a nossa vida e a nossa esperança. Que a presença de Maria, Mãe e discípula do Senhor nos ajude a participar ativamente da ação missionária da Igreja. Que o Espírito de Pentecostes, derramado sobre os Apóstolos, nos anime a sair e anunciar Jesus caminho, verdade e vida.

Fr. João Carlos Ribeiro, osm

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